Monday, February 7, 2011

A pegada da partilha

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Escrever não é fácil para algumas pessoas. Para outras é impossível. Para mim é apenas uma questão de dias, e basicamente os dias de escrita resumem-se a estes que todos podem ler, se bem que outros escritos só algumas ou ninguém leu.

Começo assim, pois a minha ausência da escrita foi longa.

Esta fotografia tirei-a num lugar distante em Lincoln, NE. Com cerca de -20ºC na rua e se o vento aperta sente-se mais negativa a temperatura. A neve encobre o chão de relva, ocupa o espaço vazio da piscina, enfeita os telhados e as árvores…

Todas as marcas de pegadas na neve foram feitas por pessoas que ali passaram, vidas cruzadas. A neve permite que nós vejamos que existe mais alguém para além de nós. Alguém que também caminha. Alguém que deixa marcas. Alguém que muitas vezes não vemos mas que nos transforma.

Caminhar no desconhecido pode ser difícil, pois ao pisar a neve imagina-se que existe chão por baixo, agora a profundidade é que não se sabe a principio.

Há pouco olhava para os meus pés e pensava que cada um tem pés diferentes e todos servem para caminhar para… Podemos fazer tanta coisa com o uso dos pés. Mas o que realmente nos torna humanos é o caminhar para o encontro dos outros e do encontro com Deus.

Quando se vai ao encontro e não se levam armaduras tudo fica mais fácil. A Pegada que tanto falo é aquela que não se vê mas se sente porque existe. A relação com o outro é um caminho que nos leva a algum sítio, que nos transforma e tem a capacidade de transformar o outro.

Na vida tudo pode ser em vão se não soubermos dar pegadas, não que as pegadas sejam sempre boas, pois às vezes cai-se e a pegada fica diferente. Mas pegadas na direcção da partilha, aquela que se dá sem pedir nada em troca.

Partilhar é tornar a nossa vida com mais sentido, pois deixa de ser egoísta a vida e torna-se plural.

Que as pegadas de partilha nos tornem caminhantes do infinito.

 

O Caminhante